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Redução de perdas, uma questão histórica

    O foco na redução de perdas está na agenda de todos os gestores que buscam melhorar a produtividade dos processos em suas organizações. De fato a preocupação em se reduzir perdas é tão importante que pode ser vista como um fio condutor da evolução histórica da indústria e das organizações.

    A noção de perdas começou a com o economista Adam Smith no final do século XVIII, e foram aprimoradas ao longo do tempo. Frederic Taylor e Henry Ford foram os primeiros a materializarem esta preocupação com a melhor organização dos processos produtivos. Taylor entendia que, para melhorar a eficiência industrial dos EUA no início do século XX, era necessário, inicialmente, estudar as causas das perdas de materiais, as quais estariam relacionadas às ações ineficientes e mal orientadas dos homens ao lidar com os mesmos. É nesse contexto que ele desenvolveu a obra “princípios da administração científica”, onde propôs que as empresas fossem administradas com base em sistemas científicos. Este trabalho contribuiu de forma substancial para o aumento da eficiência industrial americana daquela época. As idéias de Henry Ford eram semelhantes.

    Como Ford já dizia,“todas as vezes que se emprega mais força do que o trabalho exige, há desperdício”. Adotando os princípios preconizados por Taylor e a afirmação acima Ford desenvolveu o artifício da linha de montagem. Segundo ele, trazer o trabalho ao operador, ao invés de levar o operador ao trabalho, seria uma forma de economizar seus movimentos. Com este artifício, ele conseguiu aumentar substancialmente a produvitidade de suas fábricas, dando início à chamada era da “produção em massa”, que revolucionou a indústria no início do século XX.

    Já no início da década de 50, com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, a montadora Toyota se viu na necessidade de alcançar, no mínimo, a produtividade obtida pelas montadoras americanas. Porém, como operava num país pequeno, que havia sido devastado pela guerra, com poucos recursos naturais e baixa demanda, perceberam que o modelo americano de “produção em massa” não lhes seria eficaz. Então a saída para alcançar maior produtividade seria “fazer mais com menos”. Assim, logo viram que precisariam eliminar toda e qualquer perda existente em seu processo produtivo. Nenhuma perda poderia ser tolerada! Com base nisso, desenvolveram o Sistema Toyota de Produção, que revolucionou a indústria, dando início à chamada era da “produção enxuta”.

    O modelo de “produção enxuta” evoluiu e se tornou uma filosofia completa, um novo modelo de gestão. Esse modelo quebrou o paradigma até então existente, de que não seria possível produzir uma grande variedade de produtos, com rapidez, alta qualidade, alta confiabilidade e baixo custo, tudo ao mesmo tempo. Não é à toa que é reconhecido como um dos modelos de gestão mais respeitados do mundo, pelos excepcionais resultados que têm proporcionado às empresas que o adotam!

    Perceba que um fator crítico de sucesso para se alcançar uma produção enxuta é aprender a ver as perdas existentes nos processos. Agora pense na sua organização. As pessoas percebem a importância de reduzir perdas nos processos? E elas sabem identificar quais são essas perdas?

    Willian Giordani da Silveira