A indústria brasileira vive um momento crítico. Fala-se em desindustrialização por conta da grande quantidade de produtos importados que entra no país com preços mais competitivos dos que os produzidos no Brasil.
E quais as razões?
Não somos tão eficientes quanto nossos concorrentes, e nossa produtividade também é baixa. Segundo a Revista Exame (edição 1014), em 2011 a riqueza gerada por hora trabalhada no Brasil foi de U$ 11.00. Ficamos atrás de países como Estados Unidos (U$ 62.00), Alemanha (U$ 56) e Japão (U$43).
Nossos custos de produção são altos em comparação aos nossos concorrentes. Um dos grandes e mais falados motivos são os elevados impostos pagos ao governo: PIS, COFINS, IPI, INSS, IRPJ, CSLL, entre outros. Sobre isso não há muito que se fazer, já que a redução dos impostos depende do Governo.
Mas se olharmos para dentro de nossas indústrias vamos identificar outros motivos pelos quais nossos custos são tão elevados, se comparados aos nossos concorrentes. Um deles refere-se aos desperdícios que ocorrem nas indústrias. São as perdas que ocorrem durante o processo produtivo.
Perdas por superprodução
Muitas vezes, a incerteza de ocorrência de problemas de qualidade ou problemas nos equipamentos leva as empresas a produzirem mais itens do que o necessário ou a produzirem antes do momento necessário. Esse comportamento resulta em elevadas perdas: consumo de matéria prima antes do necessário, uso desnecessário de mão de obra e equipamentos, acréscimos de máquina e espaço adicional para armazenar o excesso de estoque.
Perdas por excesso de estoque
As empresas costumam manter estoques altos buscando atender rapidamente aos pedidos dos clientes. No entanto, para manter estoques excessivos, frequentemente ocupam o seu tempo produzindo itens que não estão sendo vendidos.
Perdas por falta de qualidade
No ambiente atual de produção em massa, uma máquina automatizada de alta velocidade que não funciona corretamente pode gerar um grande número de produtos defeituosos antes que o problema seja identificado. Os refugos interrompem a produção e exigem dispendiosas horas de retrabalho. Frequentemente os refugos precisam ser descartados, e esta é a pior perda de recursos e esforço!
Perdas por movimentação
Todo o movimento corporal de uma pessoa não diretamente relacionado à agregação de valor é improdutivo. Quando uma pessoa está caminhando para lá e para cá, por exemplo, não agrega valor.
Perdas no próprio processamento
São parcelas do processamento que poderiam ser eliminadas ou estão com desempenho inadequado. Por exemplo: trabalhar adicionando detalhes desnecessários ao produto, aplicar materiais sem necessidade, utilizar mais matéria-prima que o necessário, utilizar ferramentas de forma inadequada e operar máquinas a uma velocidade aquém da desejada.
Perdas por espera
Esse tipo de perda ocorre nos períodos de tempo em que os trabalhadores e máquinas não estão agregando valor aos produtos. Ocorre devido ao desbalanceamento nas linhas, falta de peças ou paralisação de máquinas, atrasos na entrega de matéria-prima ou quando o trabalhador está apenas monitorando um equipamento durante o processamento das peças.
Perdas por Transporte
Observam-se todos os tipos de transporte por meio de empilhadeiras, paleteiras, pontes rolantes e esteiras. O transporte dos materiais é necessário, mas é uma atividade que não agrega valor.
No artigo “Redução de perdas, uma questão histórica”, já publicado nesse blog, o consultor Willian Giordani destacou a importância de identificarmos as perdas em nossas empresas. Os exemplos acima poderão auxiliar nessa tarefa.
Se não quisermos ser suplantados pela concorrência, precisamos buscar incessantemente a eliminação de todas as perdas existentes na empresa. Desse modo, poderemos aumentar nossa produtividade e, consequentemente, nossa competitividade, independente dos elevados impostos e de outros fatores sobre os quais não temos governabilidade!
Sua empresa já tem os desperdícios identificados e com ações para eliminá-los?
Luciana Gaspar